Analistas prevêm que aumento dos juros vai agravar dificuldade das famílias em pagar casa

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Porto Canal / Agências

Porto, 05 jun (Lusa) -- As taxas de juro do crédito à habitação vão voltar a subir de forma moderada a partir de 2014, aumentando o encargo das famílias com a prestação paga ao banco num momento de desemprego elevado e de recessão económica.

"Mesmo que o Banco Central Europeu [BCE] baixe as taxas Euribor para 0,25% não é expectável que as taxas Euribor a três e seis meses baixem mais. Pelo contrário, à medida que se perspetive que as taxas do BCE possam subir em 2015, as Euribor irão antecipar esse movimento e convergir para a taxa do banco central", disse à Lusa o presidente da corretora Dif Broker, Pedro Lino.

Uma vez que as taxas Euribor [média das taxas de juro praticadas em empréstimos interbancários] são em Portugal o principal indexante do crédito à habitação, a sua subida implica um aumento das prestações pagas pelas famílias aos bancos.

Neste contexto, segundo Pedro Lino, apesar de a previsível subida da taxa diretora do BCE "não representar nada" quando comparada com o aumento que aconteceu em 2008 (altura em que superou mesmo os 4%), a prestação da casa "vai representar um maior peso para famílias que já se veem em dificuldades".

O responsável aconselha, por isso, a "quem possa" que "tente poupar nos próximos dois anos" para, depois, enfrentar melhor a subida das prestações do crédito à habitação.

Na mesma linha, o presidente da consultora financeira IMF - Informação de Mercados Financeiros, Filipe Garcia, prevê que "as famílias portuguesas que têm emprego não deverão ter grandes dificuldades" em continuar a pagar o seu crédito habitação à banca, mas adverte que "devem estar precavidas contra algum aumento de taxas de juro".

Quanto à taxa diretora do BCE, tanto os responsáveis da consultora financeira IMF como da corretora Dif Broker antecipam um cenário de baixas taxas de juro nos próximos dois anos para dinamizar o crescimento económico, mas preveem que em 2015 a instituição liderada por Mario Draghi volte a aumentar o preço do dinheiro.

"Quer do ponto de vista do crescimento económico, quer do ponto de vista da inflação - que está a cair em todo o mundo e na zona euro em particular - não se veem grandes motivos para que haja subida da taxa de juro. Parece-me que as taxas deverão continuar baixas em todo o mundo e o BCE deverá alinhar nessa tendência", pelo menos nos próximos dois anos, afirmou o presidente da IMF, Filipe Garcia, em entrevista à agência Lusa.

Apesar de considerar que "o instrumento taxa de juro já não tem o mesmo poder de antigamente", devido ao menor impacto da política monetária no crédito e no investimento, o economista acredita que "as taxas permanecerão baixas durante mais tempo também para não complicar a vida do setor financeiro a nível europeu e mundial".

Já para o presidente executivo da Dif Broker, Pedro Lino, "as taxas de juros do BCE devem continuar a baixar [dos 0,50%]até aos 0,25% até final deste ano, a refletir a recessão na Europa".

No entanto, destaca, neste momento "mais importante" do que baixar a taxa diretora, seria "colocar a taxa de depósitos do BCE em níveis negativos" para forçar o sistema financeiro a dar mais crédito à economia real. Mario Draghi deu indicação, na última reunião do conselho de governadores, de que o BCE poderá usar esta arma em breve.

PD/IM/ND/ACYS // VC

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