Eduardo Lourenço sublinha pontos que unem Portugal e Espanha

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Porto Canal com Lusa

Madrid, 26 mai (Lusa) - O filósofo e intelectual português Eduardo Lourenço abriu hoje o programa de atividades da Feira do Livro de Madrid com uma conferência em que defendeu que as "diferenças" entre Portugal e Espanha "não são nada" em relação ao que une os dois países.

O professor e ensaísta considerou que a 76.ª Feira do Livro de Madrid, que este ano tem Portugal como país convidado, "é mais do que uma feira, é uma festa".

Eduardo Lourenço teve palavras iniciais muito elogiosas para a presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Rio, que recebeu o prémio luso-espanhol de Arte e Cultura 2016, considerando-a "um anel de ouro nas relações entre Portugal e Espanha".

Na conferência a que deu o nome "Da Cultura ou do imemorial e a dança do tempo", começou por sublinhar que a arte Barroca, que Portugal partilhou com Espanha, foi uma reação dos países do lado ocidental dos Pirenéus à reforma protestante iniciada por Martinho Lutero, em Wittenberg, em 1517.

"Nós inventámos uma espécie de Deus mais sensível, mais familiar, mais próximo, como se fosse uma visão ou uma espécie de conto de fadas", sustentou Eduardo Lourenço, acrescentando que Portugal levou o Barroco para o Brasil e para o extremo-oriente.

A Europa dividia-se em "duas verdades, uma aquém e outra além dos Pirenéus", defendeu o intelectual português para chegar à conclusão: "As nossas diferenças [entre Portugal e Espanha] não são nada em relação ao que nos une".

Mas Eduardo Lourenço também realçou que a reforma de Lutero acabou por transformar definitivamente o mundo, porque, "durante três séculos, sem desfalecimento, o homem ocidental tomou de assalto o barco em que até então tinha seguido pilotado pela Providência".

"Neste novo tempo, sem raiz alguma no Imemorial onde todos os antigos tempos repousam, podemos reciclar, como meros tempos virtuais, todos os passados que sem memória não são tempo de ninguém", disse o professor, sustentando que "não sabemos quem somos, nem onde estamos".

Tudo isto para chegar a uma outra conclusão: "Neste fim do milénio e começo de outro, o 'espírito do mundo' chama-se América, que só tem três séculos de vivida memória ritualizada".

"Para ela [América] tudo o mais é fábula, como o foram para nós a Grécia ou Roma, antes de as assumirmos como nossas por voluntária viagem nos seus livros ressuscitados", disse.

Segundo Eduardo Lourenço, temos de aprender a viver neste "novo tempo" em que a vontade de poderio europeia, em todas as ordens, "não regula todos os relógios do mundo, se alguma vez os regulou".

A Feira do Livro de Madrid foi hoje inaugurada pelo Presidente da República Portuguesa e pelos reis de Espanha.

A programação portuguesa na feira inclui uma extensa lista de eventos e a deslocação de cerca de 60 escritores a Madrid.

A oportunidade dada para Portugal estar em lugar de destaque na Feira do Livro de Madrid é vista como um momento único para dar a conhecer autores portugueses e encorajar as traduções para a língua espanhola.

A indústria livreira espanhola é a quarta do mundo, colocando o país depois dos Estados Unidos, do Reino Unido e de França. É também a terceira que mais exporta, depois dos Estados Unidos e do Reino Unido.

FPB // MAG

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