Desenvolvimento de Cabo Verde será ancorado pela Europa
Porto Canal com Lusa
Praia, 26 mai (Lusa) - O primeiro-ministro cabo-verdiano disse que Cabo Verde está à procura do "seu papel útil" na economia mundial através de múltiplas parcerias preferenciais, mas sustenta que é a "ancoragem" na Europa que acelerará o desenvolvimento do país.
Ulisses Correia e Silva falava em entrevista de um ano de governação à agência Lusa, no mês em que o país assinalou 10 anos de Parceria Especial com a União Europeia e na semana seguinte a visitas do Presidente do Gana, a segunda maior economia da África Ocidental, e do ministro dos Negócios Estrangeiros da China, um dos principais parceiros de cooperação de Cabo Verde.
"A nossa intenção estratégica é muito clara quando fazemos opções de triangulação voltando àquilo que é História: África, Europa, Américas e papel relevante com a China. Facilmente conseguimos convergir com este quadro de grandes movimentos mundiais onde ou nos inserimos bem ou ficamos perdidos no meio do Atlântico", disse Ulisses Correia e Silva.
O chefe do Executivo indicou que a opção pelo reforço da parceria com a União Europeia tem em conta aspetos económicos, de segurança e de maior intercâmbio de espaços, enquanto a posição estratégica relativamente aos Estados Unidos aponta para questões como a comunidade cabo-verdiana ou as necessidades de tecnologia e altas competências, também patentes na relação com a China.
Por outro lado, considerou, África e a Comunidade Económica de Países da África Ocidental [CEDEAO] são o espaço de integração de Cabo Verde.
"Estamos à procura de um papel útil de Cabo Verde na economia mundial. Tem que ter o seu espaço sob pena de ficar ali à volta", disse.
"Temos vários parceiros preferenciais, mas a ancoragem para espoletar e acelerar o processo de desenvolvimento é com a Europa", sublinhou.
Ulisses Correia e Silva entende "nenhum pequeno país insular que se desenvolva fora de espaços dinâmicos" e adiantou que, nesse sentido, a Europa é o espaço natural de Cabo Verde
O primeiro-ministro diz que é preciso "duplicar o desenvolvimento cabo-verdiano num espaço muito mais curto" e que os jovens cabo-verdianos não querem esperar 40 anos para verem as suas condições de vida melhoradas.
"Quais os espaços que nos garantem isso em termos económicos, em termos de inserção, tendo em conta que a integração é na região africana, a Europa. Qual o espaço que nos garante o reforço da nossa segurança enquanto pequeno país, Estados Unidos e Europa", disse.
"A perspetiva é de facto aproximarmo-nos muito mais do espaço da União Europeia nas diversas vertentes: circulação de pessoas, economia, tecnologia, investimentos, segurança e com isso criarmos condições para podermos avançar", acrescentou.
E nesta aproximação, entende Ulisses Correia e Silva, a integração com espaço da CEDEAO "não é contraditória é complementar".
"Reforçamos a nossa posição no espaço da CEDEAO com bons acessos a tecnologia, boa qualificação dos nossos recursos humanos e bons parceiros. É tudo complementar. São ganhos que procuramos, cabo -verde e os cabo-verdianos não deixam de ser africanos pelo facto de terem esta boa relação com o resto do mundo", concluiu.
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