Perito diz que gravação é inútil na investigação do Presidente do Brasil

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Porto Canal com Lusa

São Paulo, Brasil, 23 mai (Lusa) - O perito Ricardo Molina disse hoje que a gravação de uma conversa entre o empresário Joesley Batista, da JBS, e o Presidente do Brasil, Michel Temer, é "inútil" como prova e "está cheia de falhas".

O perito foi contratado pela defesa do chefe de Estado brasileiro para analisar uma gravação que desencadeou um novo escândalo de corrupção no Brasil, que envolve Temer pessoalmente.

Em conferência de imprensa, Ricardo Molina disse que a gravação é de má qualidade e que o áudio tem interrupções. Não se pode dizer se o material foi editado ou não antes de ser entregue ao Ministério Público Federal (MPF) brasileiro, considerou.

"A gravação deveria ter sido considerada inútil desde o início. E assim seria, se aparecesse num caso sem conotações políticas como as que prevaleceram aqui", sublinhou.

"Eu não posso dizer se foi ou não alterado, pela razão muito simples de que não é possível ouvir, durante a maior parte do tempo, o que diz que o Presidente (...) Numa situação normal, esta gravação nunca seria aceite como prova", acrescentou.

Ricardo Molina deixou claro que a gravação "é de má qualidade e deve ser descartada. Não posso garantir que não tenha sido manipulada".

O perito criticou o MPF por incluir a gravação que Joesley Batista fez de uma conversa com o Presidente brasileiro no relatório de investigação, sem que o áudio tenha sido submetido antes a uma análise técnica da Polícia Federal.

"[Os Promotores] concluem que o diálogo é audível e tem uma sequência lógica. Mais de metade do que o Presidente diz é ininteligível. Se [o que fala] um dos parceiros envolvidos na conversa é ininteligível, como você pode dizer que [a gravação] tem uma sequência lógica?", questionou.

O escândalo de corrupção, investigada pela operação judicial Lava Jato, alargou-se a 18 de maio ao Presidente brasileiro com a abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).

Em causa está uma gravação de uma conversa entre o empresário Joesley Batista, da empresa JBS, e Temer sobre o alegado pagamento de uma verba ao ex-deputado Eduardo Cunha, que foi presidente do Congresso (parlamento) e principal aliado de Temer no afastamento de Dilma Rousseff da Presidência.

Nessa conversa, de acordo com os áudios divulgados, o Presidente terá recomendado ao empresário manter o pagamento de uma verba regular a Eduardo Cunha, acusado de vários crimes de corrupção.

Temer sucedeu há um ano a Dilma Rousseff, de quem era vice-presidente, mas, desde então, vários aliados têm sido atingidos pela operação judicial, por suspeitas de corrupção e de receberem pagamentos ilegais.

A degradação da situação política no país tem levado muitos dirigentes a exigirem eleições presidenciais (diretas ou via parlamento), já que Temer não tem um vice-presidente que o substitua no caso de abertura de um processo de destituição.

Após a divulgação do áudio, Michel Temer recusou, em várias declarações ao país, apresentar a demissão e já pediu a suspensão da investigação até que seja verificada a autenticidade da gravação.

CYR (PJA) // EJ

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