Mais de 40 dentistas portugueses emigraram nos últimos cinco anos

| Economia
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 22 mai (Lusa) -- Mais de 40 dentistas emigraram nos últimos cinco anos para o Luxemburgo, país que o Presidente da República visita esta semana, disse à agência Lusa um responsável da comunidade portuguesa.

Segundo o presidente da Confederação da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo (CCPL), José Coimbra de Matos, "todos estes dentistas têm trabalho, ou criaram a sua empresa e o seu próprio consultório, ou trabalham para outros".

De acordo com Coimbra de Matos, alguns tiveram problemas por não falarem as línguas nacionais -- alemão, francês e luxemburguês -- "mas procuraram e conseguiram trabalho".

Ana Maria Rodrigues não teve dificuldades. Foi para o Luxemburgo em setembro do ano passado, conseguiu emprego em janeiro e três meses depois já é dona de uma clínica.

A portuguesa, de 40 anos, diz que foi passar férias ao Luxemburgo, onde já tinha família, mandou uns currículos e foi logo chamada.

"Estou muito contente, foi a melhor decisão da minha vida", conta à Lusa.

Na clínica de Ana Maria, em Differdange, a cerca de 30 quilómetros da cidade do Luxemburgo, trabalham seis dentistas, todos portugueses. Quanto aos clientes, "98 por cento são portugueses", diz.

Oriunda de Coimbra, esta portuguesa planeia já abrir uma outra clínica dentro de um ano. Mas em Portugal, "jamais".

"Só se piorasse muito no Luxemburgo, mas não, cada vez está melhor, após três meses abri uma clínica, temos uma média de 27 pacientes por dias, em Portugal tinha quatro, cinco", diz.

Sara Salgueiro, de 35 anos, também tem uma clínica, em Bettemburg, no sul do Luxemburgo, onde trabalham cinco dentistas, igualmente todos portugueses. Tal como 99 por cento dos clientes.

Esta portuguesa, de 35 anos, diz à Lusa que escolheu o Luxemburgo há 11 porque o agora marido já lá trabalhava e confirma o aumento do número de médicos dentistas portugueses a procurarem o Luxemburgo.

"Temos notado que têm aberto muitas clínicas de médicos portugueses, muitos a procurarem-me para trabalhar comigo", diz.

Sobre se há atualmente mais emigração qualificada, considera que sim e diz que nota isso na outra clínica onde trabalha, no centro da capital luxemburguesa.

"Vejo a diferença em termos de clientela e na vila quase todos têm um nível de educação superior", diz.

Na sua clínica é diferente. "Há pessoas que nem têm dinheiro para pagar uma consulta. Já cheguei a atender crianças e outras pessoas a quem não faturei, quase que choravam para que eu atendesse a criança e nota-se a diferença entre poderes económicos".

Sara admite voltar a Portugal, mas "apenas por razões familiares, não para trabalhar" porque sabe que não vai ter as mesmas condições "nem a nível de qualidade de vida nem financeiro".

Já Humberto Seabra, de 30 anos, oriundo de Mortágua, mantém o sonho de voltar, só não sabe quando.

A história de Humberto é diferente dos outros emigrantes porque foi para o Luxemburgo com apenas dois anos. Mas decidiu depois fazer o ensino universitário no Porto e após o curso, há sete anos, voltou, com o irmão gémeo.

"Tinha cá os meus pais, o meu maior desejo seria trabalhar em Portugal, mas sabia que as condições de vida no Luxemburgo poderiam trazer mais benefícios", diz.

Questionado sobre que mensagem quereria passar a Marcelo Rebelo de Sousa se tivesse oportunidade, diz que pediria políticas para "dar mais possibilidade às pessoas desfavorecidas [em Portugal] de terem tratamentos dentários".

E distingue a situação no Luxemburgo: "Aqui os tratamentos são comparticipados e muitas pessoas vão mais ao dentista do que ao médico de família".

O Presidente realiza uma visita de Estado ao Luxemburgo a 23 e 24 de maio, seguindo-se uma visita privada, a 25, para contactos com a comunidade portuguesa e com as autoridades luxemburguesas.

Segundo dados oficiais, residem no Luxemburgo cerca de 100.000 portugueses, que representam 16,4 por cento da população naquele país.

VM // PJA

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