Melhores condições económicas fazem África acelerar para 3,4% este ano
Porto Canal com Lusa
Ahmedabad, 22 mai (Lusa) - A economia do continente africano vai crescer 3,4% este ano, acelerando face aos 2,2% do ano passado, impulsionada pelo aumento dos preços do petróleo, da procura interna e da melhoria do ambiente económico.
De acordo com o relatório do Banco Africano para o Desenvolvimento, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico e das Nações Unidas, hoje divulgado em Ahmedabad, na Índia, os próximos dois anos oferecem uma perspetiva positiva, embora desigual, para os 54 países analisados no documento.
"Em 2017 e 2018, África vai beneficiar dos preços das matérias-primas, que começaram a subir no final de 2016, do aumento da procura interna privada, gestão melhorada das políticas macroeconómicas já assimilada em muitos países, um ambiente de negócios favorável e a melhorar, e uma estrutura económica mais diversificada, particularmente nos setores dos serviços e da manufatura leve", referem os analistas.
No relatório hoje divulgado, salienta-se que "o desempenho do continente foi desigual em 2016 no que diz respeito aos indicadores económicos, sociais e de governação, mas as perspetivas são favoráveis" para este e para o próximo ano.
Os ventos contrários não só globais, mas também regionais, resultaram num abrandamento no crescimento, mas a perspetiva é positiva a médio prazo, já que o declínio do ano passado é atribuído "aos preços baixos das matérias-primas, ao desempenho fraco da economia global, a desaceleração gradual no crescimento chinês e aos efeitos indiretos da Primavera Árabe, amplificados pelo conflito prolongado na Líbia".
Os exportadores de matérias-primas, como os lusófonos Angola ou Guiné Equatorial, "enfrentaram um ano difícil", mas os outros conseguiram, de forma geral, crescer e consolidar os ganhos dos anos anteriores, apontam os autores do relatório.
Neste ano, o fluxo de financiamento externo deve aumentar ligeiramente para os 179,7 mil milhões de dólares, um ligeiro aumento face aos 177,7 mil milhões do ano passado, com o investimento direto estrangeiro (57,5 mil milhões de dólares este ano) e as remessas dos emigrantes (66,2 mil milhões de dólares, mais 2,4% que no ano passado) a continuarem a ser as mais importantes fontes de financiamento externo de África.
O relatório conclui, apontando três aspetos fundamentais para garantir o desenvolvimento africano: "África deve primeiro diversificar as exportações para reduzir a exposição aos choques de preços das matérias-primas; depois deve conseguir melhor aproveitar a capacidade do comércio intra-África e, por último, os governos devem agora focar-se em fazer andar as iniciativas de integração regional".
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