Plano estratégico do calçado quer fazer de Portugal "referência mundial" do sector até 2020
Porto Canal / Agências
Porto, 04 dez (Lusa) - Qualificar, rejuvenescer, inovar, internacionalizar e comunicar são os eixos centrais do novo plano estratégico do setor calçado até 2020, cuja visão é fazer de Portugal uma "referência mundial" desta indústria, apostando em nichos de consumo fora dos mercados tradicionais.
"Até ao final da década pretende-se conseguir um salto qualitativo no processo de afirmação internacional do calçado português, estabelecendo-o como uma referência fundamental da indústria a nível mundial", lê-se no FOOTure 2020, hoje apresentado no Porto pela Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado (APICCAPS) e elaborado pela Universidade Católica do Porto, com coordenação do economista Alberto Castro.
Para o efeito, a associação aponta como pilares a aposta na "sofisticação e criatividade", o reforço das exportações "alicerçadas numa base produtiva nacional", a opção por "padrões exigentes de sustentabilidade e responsabilidade social" e o investimento no "conhecimento e inovação".
Antecipando que, nos primeiros anos de vigência do plano, Portugal viverá um contexto económico semelhante ao atual, a APICCAPS prevê que o consumo privado continue sob pressão e que os níveis de fiscalidade se mantenham "elevados", pelo que "as exportações permanecerão uma prioridade".
Só "a partir de meados do período de vigência do plano estratégico" - 2016/2017 - é que a associação admite "um quadro macroeconómico mais favorável" em Portugal, traduzido num eventual crescimento da procura interna".
Contudo, e independentemente da evolução da economia portuguesa, a APICCAPS assume o posicionamento "marcadamente internacional" do 'cluster' do calçado.
Num cenário de reduzido dinamismo da procura na maioria dos países desenvolvidos, e particularmente na União Europeia, o FOOture 2020 destaca que "é noutras zonas do globo, nomeadamente na Ásia", que se antevê um forte crescimento da procura por calçado.
Neste âmbito, defende que, embora sem abandonar a Europa, o calçado português "explore os nichos de elevado poder de compra que existem fora dos seus mercados tradicionais".
Como principais "iniciativas estratégicas" que deverão guiar o setor até 2020 a APICCAPS elege qualificar/rejuvenescer, inovar e internacionalizar/comunicar.
Com vista a requalificar e rejuvenescer o setor, defende-se a atração de jovens e a qualificação, a formação para gestão de topo, o 'design' como fator diferenciador, o empreendedorismo e a 'intelligence' para o processo estratégico.
Já no vetor inovar, a prioridade vai para os materiais e componentes (nano partículas e nano materiais multifuncionais, biomateriais, couros inovadores, materiais recicláveis e biodegradáveis), o 'design' de produtos (novos modelos de negócio, artigos técnicos e calçado de saúde e bem-estar), os equipamentos e processos e o desenvolvimento sustentável e responsável.
No que respeita à aposta na internacionalização e comunicação, a associação defende que não se pode "abrandar na difusão da campanha de imagem coletiva do calçado português", associando-a a "pessoas e eventos de grande prestígio" e dando particular atenção à presença nas redes sociais.
A internacionalização da cadeia de valor é outro aspeto aqui defendido, assim como um 'upgrade' da imagem e reputação das empresas e o investimento na promoção externa.
A indústria portuguesa de calçado exporta atualmente 1.600 milhões de euros (95% da produção) para 150 mercados, apresentando o segundo preço médio de exportação mais elevado do mundo (quase 23 euros em 2012, contra 18 euros em 2006).
Com um saldo comercial de 1.200 milhões de euros, o calçado é hoje o principal contribuinte industrial no combate ao desequilíbrio das contas externas portuguesas, reclamando também "um importantíssimo contributo para a coesão social", ao assegurar 35.000 empregos num contexto de escalada dos níveis de desemprego.
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