Enfermeiro acusado de roubo e sequestro em silêncio na primeira sessão de julgamento
Porto Canal / Agências
Matosinhos, 03 dez (Lusa) - Um enfermeiro acusado de roubo e sequestro de um construtor civil, de 80 anos, e da mulher, 30 anos mais nova, começou hoje a ser julgado no tribunal de Matosinhos, negando-se a prestar declarações.
Segundo o Ministério Público, o roubo, ocorrido em maio de 2010, e levado a cabo por dois indivíduos encapuzados, não passou de um esquema planeado pelo enfermeiro, que na altura era íntimo da família, para subtrair os valores que a vítima guardava num cofre em casa.
Tratava de cerca de 110 mil euros em dinheiro e joias de elevado valor, nomeadamente anéis e fios de ouro.
O casal e o enfermeiro, agora arguido, que prestava assistência ao idoso, estavam em casa das vítimas quando os dois indivíduos entraram pela porta principal, sem forçar a entrada - já que havia uma chave suplente na parte exterior da casa para qualquer eventualidade e algumas pessoas amigas sabiam da existência.
Recorrendo à coação sob ameaça de armas, imobilizaram a mulher e o enfermeiro e obrigaram o construtor civil, que entretanto morreu (em 2010), a abrir o cofre e a entregar todos os valores que se encontravam no interior.
A viúva foi ouvida nesta sessão do julgamento e defendeu o arguido. Admitiu que ainda mantém uma relação de amizade com o acusado, afirmando que na altura do roubo ele estava com o casal na casa e, inclusive, tentou protegê-los, acabando por ser agredido pelos assaltantes.
A mulher disse ainda que o enfermeiro ficou de tal forma em pânico, após o sucedido que, conforme lhe contou um dia depois, acabou por não ir para casa com medo de ser seguido, tendo conduzido até Espanha.
A viúva, que entretanto herdou a fortuna do falecido marido, confessou ainda em tribunal ter oferecido, este ano, dois carros de alta gama ao enfermeiro, como "prova de gratidão por tudo o que fez" pela sua família.
O juiz marcou nova sessão de julgamento para o dia 10, às 14:30.
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