BE diz que troca de dívida é "operação de desespero" do Governo

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 03 dez (Lusa) - O Bloco de Esquerda (BE) disse hoje que a troca de parte da dívida dos próximos dois anos para 2017 e 2018 é uma "operação de desespero" de um Governo que "sabe que não tem" em 2014 como regressar aos mercados.

"A operação de troca de dívida que hoje conhecemos não representa de forma nenhuma um regresso aos mercados, pelo contrário, é a prova que o Governo sabe que não pode regressar aos mercados no próximo ano para refinanciar toda a dívida necessária", acusou a deputada bloquista Mariana Mortágua, em declarações no parlamento.

A deputada falava depois de esta manhã Portugal ter conseguido 'empurrar' para 2017 e 2018 cerca de 6,64 mil milhões de euros de dívida que tinha de pagar originalmente em 2014 e 2015, numa operação de troca de dívida realizada pelo IGCP.

"Trata-se de uma reestruturação da dívida mas das piores que se pode fazer. Vamos pagar a mesma dívida mas com mais juros durante mais tempo. É uma operação de desespero de quem sabe que não tem no próximo ano como regressar a mercados e pagar toda a dívida que se comprometeu a pagar", sustentou ainda a parlamentar do Bloco.

A Agência para a Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP recomprou 837 milhões de euros da linha de obrigações que vencia em junho do próximo ano e 1,64 mil milhões de euros da dívida que vencia em outubro do próximo ano, num total de cerca de 2,5 mil milhões de euros.

Da linha de obrigações que vencia em outubro de 2015 foram recomprados 4,16 mil milhões de euros.

Em troca, o Governo colocou 2,68 mil milhões de euros na linha de obrigações que vence em outubro de 2017, e mais 3,97 mil milhões de euros na linha que vence em junho de 2018.

Portugal tinha cerca de 27 mil milhões de euros para pagar em 2014 e 2015 só em dívida de médio e longo prazo, e acaba por reduzir para menos de 21 mil milhões de euros.

Com esta operação, no próximo ano, quando termina o atual programa de resgate da 'troika' e se espera que Portugal regresse aos mercados para financiar a dívida de médio e longo prazo de forma mais assídua, depois de duas operações realizadas este ano em que testou os mercados, Portugal fica com menos cerca de dois mil milhões de euros para pagar.

Em 2015 a carga estava concentrada num único mês e é reduzida em cerca de quatro mil milhões de euros, o que permite reduzir o pagamento da linha de obrigações que existia para menos de 10 mil milhões de euros, ao contrário dos 13,4 mil milhões que estavam previstos.

PPF (NM) // SMA

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