Teatro Praga leva "Despertar da Primavera" ao Teatro Viriato em Viseu

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Porto Canal com Lusa

Viseu, 21 abr (Lusa) -- O Teatro Praga apresenta, a 05 de maio, no Teatro Viriato, em Viseu, uma versão contemporânea da peça "Despertar da Primavera", uma tragédia de juventude do dramaturgo alemão Frank Wedekind, numa "versão 'queer'", como a classificou o encenador Pedro Penim.

"Encontrámos, na tradução de José Maria Vieira Mendes, um espaço de liberdade, até porque a tradução é sempre um exercício de traição", disse à agência Lusa Pedro Penim, sublinhando que a tragédia do dramaturgo alemão não é uma peça típica do repertório do Teatro Praga.

A encenação resulta de uma encomenda do Centro Cultural de Belém, onde se estreou a 24 de fevereiro, catorze dias depois de ter sido apresentada em antestreia na Casa da Cultura de Ílhavo.

Escrita em 1891 pelo dramaturgo alemão, a peça constitui um dos textos fundadores do teatro contemporâneo e centra-se num grupo de adolescentes em conflito com uma sociedade conservadora e moralista.

O drama termina junto à campa de uma rapariga de 13 anos, Wendla Bergmann, morta na sequência de um aborto que a mãe a obrigou a fazer. Aí cruzam-se o apaixonado de Wendla, Melchior Gabor, o seu melhor amigo, o suicida Moritz Stiefel, além do Senhor Disfarçado, figura primaveril que impede mais uma morte e que, na estreia original, na encenação de Max Reinhardt, foi representada pelo próprio Wedekind.

"Não havia uma vontade especial de trabalhar esta peça, mas, a convite do CCB, acabámos por fazê-la sem que tenha sofrido qualquer processo de reescrita", disse Pedro Penim.

"Há, contudo, uma característica interessante nesta tradução do José Maria Vieira Mendes, que transforma algumas palavras de português numa espécie de crioulo, com termos utilizados por Camilo Castelo Branco, acabando por criar uma língua mesclada, que transforma este texto do repertório clássico, num texto mais próximo daquilo que nos apetece fazer", frisou Pedro Penim à Lusa.

"Mas nada na peça consiste em alterar o texto de Wedekind. Tudo o que é dito e feito está escrito no texto original em alemão", observou o encenador.

Pedro Penim disse que o figurino e a cenografia de Joana Barrios e Bárbara Falcão Fernandes, respetivamente, "privilegiam o 'pink'", por esta ser uma cor associada à infância, mas também por ser "essa a bandeira de uma versão 'queer' do texto do Wedekind, que se concretiza nas escolhas dos materiais que são postos em cena".

"O conflito entre pais e filhos é o motor da narrativa e então convidámos pessoas com quem nunca trabalhámos, alguns dos quais podiam mesmo não ser atores, para desempenharem os papéis dos filhos", disse Pedro Penim.

Apesar de "Despertar da Primavera" ser uma peça polémica, por se centrar em questões como a sexualidade, acaba por não ter uma relação direta com a contemporaneidade, uma vez que os problemas com que os jovens se debatem atualmente não têm nada a ver com os que preocupavam e dividiam pais e filhos, na segunda metade do século XIX.

A peça é interpretada por André e. Teodósio, Cláudia Jardim, Diogo Bento, Patrícia da Silva, Pedro Penim, a quem se juntam Cláudio Fernandes, Gonçalo C. Ferreira, João Abreu, Mafalda Banquart, Óscar Silva, Rafaela Jacinto, Sara Leite e Xana Novais.

A música original e o desenho de som são de Miguel Lucas Mendes.

O espetáculo foi produzido pelo Teatro Praga, com o Centro Cultural de Belém, o Teatro Nacional São João e Teatro Viriato.

CP // MAG

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