Sete ativistas condenados pelo tribunal de Luanda a prisão após manifestação
Porto Canal com Lusa
Luanda, 20 abr (Lusa) - Sete ativistas foram condenados por um tribunal de Luanda a penas de 45 dias de prisão efetiva, por resistência às autoridades, ao tentarem manifestar-se contra alegadas irregularidades no processo de registo eleitoral, que antecede as eleições gerais de agosto.
A informação foi confirmada hoje à Lusa pelo secretário-geral do autodenominado Conselho Nacional dos Ativistas de Angola, António Kissanda, dando conta que os sete jovens, com idades entre os 25 e os 35 anos, foram condenados em processo sumário, pelo tribunal do Cacuaco, na quarta-feira.
A manifestação, em que exigiam ainda transparência na governação, a terceira do género promovida pelos mesmos elementos daquela organização, aconteceu na manhã de segunda-feira e os ativistas estão detidos desde então, tendo começado a cumprir pena, na cadeia de Comarca de Viana, na quarta-feira.
Foram ainda condenados a pagar, cada um, multas de 65.000 kwanzas (365 euros), indicou António Kissanda, acrescentando que são estudantes universitários, músicos de intervenção e ativistas.
"O grupo que se estava a manifestar era maior, mas quando a polícia os levou eram oito. Entretanto, no outro dia, durante o transporte da esquadra da polícia para o tribunal, um dos elementos conseguiu fugir e foram condenados sete", explicou o secretário-geral do Conselho Nacional dos Ativistas de Angola.
Na altura da manifestação, estes ativistas chegaram a cortar a estrada de acesso à refinaria de Luanda, no Cacuaco, quando se deu a intervenção da polícia, que inicialmente alegou destruição de património, no caso viaturas policiais, e agressões aos agentes, para proceder às detenções.
"Ninguém, dos visados, apareceu no tribunal, não houve nenhum crime com prova para que pudessem ser condenados e a acusação final foi de resistência às autoridades", afirmou ainda Kissanda, afirmando que foram feitos disparos e outras agressões, por parte da polícia, aquando da intervenção.
"Resistimos à força que a polícia nos apresentou, porque é um direito na nossa Constituição. Não somos criminosos para fugir, esperávamos que a polícia estivesse lá para nos proteger", disse.
PVJ // VM
Lusa/Fim