Comuna assinala 45 anos de teatro com estreia de "Henrique IV", de Pirandello
Porto Canal com Lusa
Lisboa, 19 abr (Lusa) -- A loucura e as várias máscaras que a humanidade utiliza, consoante as funções que desempenha, são o tema da peça "Henrique IV", de Luigi Pirandello, que o Teatro A Comuna estreia no dia 27, para assinalar os 45 anos da companhia.
Com versão cénica e encenação de João Mota, "Henrique IV" gira em torno "da realidade e da fantasia, da tensão e da loucura, e faz-nos pensar sobre quem são afinal os loucos", disse à agência Lusa o encenador João Mota.
Com esta nova produção sob nome próprio, que sucede a "O terrorista elegante", de Mia Couto e José Eduardo Agualusa, em outubro último, a Comuna tem ainda por objetivo comemorar os 60 anos de carreira de João Mota e os 50 de Carlos Paulo, fundadores da companhia.
Esta peça, a última escrita por Luigi Pirandello, em 1921, é um drama em três atos que se centra num homem que perde a memória, ao cair de um cavalo, acabando por se assumir como Henrique IV, personagem que representava numa festa de carnaval, acabando por viver a ficção.
Ao fim de 15 anos, porém, acaba por admitir ter recuperado a memória há muito, tendo preferido viver a farsa.
João Mota sublinhou que esta é a peça que prefere do dramaturgo italiano, já que "questiona a própria natureza humana", explorando os limites entre a loucura e a lucidez.
"Esta peça acaba também por nos fazer refletir sobre as várias personagens que assumimos ao longo do dia. Para falarmos com a mãe desempenhamos um papel, no trabalho, outro, com os amigos, outro, e assim sucessivamente. E esta peça também nos faz pensar muito sobre isso", disse.
É uma peça sobre "o faz-de-conta que qualquer ser humano acaba por viver no dia-a-dia", frisou.
Com tradução de Margarida Periquito, "Henrique IV" é interpretada por João Mota, Custódia Gallego, Carlos Paulo, Guilherme Filipe, Hugo Franco, Maria Ana Filipe, Igor Sampaio, Miguel Sermão, Francisco Pereira de Almeida, Rogério Vale e Gonçalo Botelho.
"Henrique IV", que teve hoje um ensaio averto à imprensa, vai estar em cena até 28 de maio, com espetáculos de quarta-feira a sábado, às 21:30, e aos domingos, às 16:00, na sala nova do teatro A Comuna.
A 30 e 31 de maio subirá ao palco do pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém.
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