Artistas portugueses preocupados com extrema-direita nas presidenciais

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Porto Canal com Lusa

Paris, 16 abr (Lusa) - Vários artistas portugueses residentes em França estão preocupados com a ameaça da extrema-direita nas eleições presidenciais francesas, como a atriz Maria de Medeiros, o pintor e ceramista Manuel Cargaleiro, o realizador José Vieira e o galerista Philippe Mendes.

Maria de Medeiros, que vive entre Paris e Barcelona e tem nacionalidade portuguesa e francesa, disse à Lusa que vai votar nas presidenciais e mostrou-se "preocupadíssima" com a possibilidade de Marine Le Pen, candidata da Frente Nacional, vencer as eleições.

"Não sei o que vamos fazer às nossas vidas se isso acontecer porque a extrema-direita é a vitória do esquecimento. O discurso da extrema-direita é sempre aquela coisa 'Vamos voltar a ser o que somos'. Mas voltar onde? É um discurso que não tem nenhum cabimento e que, na realidade, nega a história e a cultura dos países", afirmou a realizadora de "Capitães de Abril".

Maria de Medeiros considerou que "é muito necessário a esquerda unir-se", apontando "o que está a acontecer neste momento em Portugal" como "formidável" e como uma "coabitação muito civilizada e para bem dos portugueses".

O artista Manuel Cargaleiro, que vive desde 1957 em Paris - onde realizou painéis de azulejos para a estação de metro Champs-Élysées-Clemenceau - também está "bastante preocupado" porque foi em França que diz ter aprendido a viver em democracia.

"Já moro aqui há 60 anos. A França é o país da democracia. A França é o país que deu lições ao mundo de liberdade e vejo a situação perigosa em que nós nos encontramos. A mim a única coisa que me interessa é viver em liberdade e democracia e isso eu aprendi quando vim para França porque aqui se vivia com liberdade", contou o artista plástico de 90 anos.

O cineasta José Vieira considerou que "as ideias do FN estão a vampirizar' a vida política francesa completamente" e também se mostrou preocupado com a subida das intenções de voto em Marine Le Pen.

"Se eu não estivesse preocupado com isso, era completamente inconsciente. Estou preocupado. Porque é que as pessoas estão a votar no 'Front National'? É porque estamos em crise. A crise é económica, mas agora já é identitária. O problema é que eu não vejo o fim da crise e isso é que me mete medo", afirmou o realizador de "Gente do Salto" e "A Ilha dos Ausentes".

O realizador de 59 anos não acredita, ainda assim, que a líder da extrema-direita seja eleita presidente de França e critica a "ideia de a gente votar pelo menos pior": "Tivemos o Sarkozy e as pessoas para se desfazerem do Sarkozy, votaram pelo Hollande. Agora para se desfazerem do Hollande, vão votar por quem?" - questionou.

Também Philippe Mendes, galerista franco-português, está "muito mais que preocupado", afirmando-se "muito triste" com a ascensão "tão rápida" de Marine Le Pen e crendo que se está num "ponto de rutura".

"Eu acho que não é o extremismo que está a subir. Eu acho que as pessoas não vão votar por razões extremistas pela Marine Le Pen. Vão votar para eliminar os outros que já não suportam. A política chegou a um ponto em que a crise é tão forte que os franceses já não têm confiança nos homens políticos", considerou.

No próximo dia 23, a França realiza a primeira volta das eleições presidenciais com um quase empate técnico entre quatro candidatos: Marine Le Pen (extrema-direita), Françoi Fillon (direita), Emmanuel Macron (centro) e Jean-Louis Melénchon.

CAYB // PJA

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