Encenador Luís Miguel Cintra regressa ao teatro com "Um D. João Português"

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 28 mar (Lusa) -- O encenador Luís Miguel Cintra regressa ao teatro, três meses depois do fecho da Cornucópia, com "Um D. João Português", peça que será feita em quatro partes noutras tantas cidades portuguesas e que será representada na totalidade, em janeiro de 2018.

Dezasseis atores que trabalharam com o Teatro da Cornucópia totalizam o elenco fixo de "Um D. João Português", que contará ainda com representações de pessoas das quatro cidades onde a peça será representada parcialmente, disse à agência Lusa Levi Martins, da Companhia Mascarenhas-Martins, de Montijo, que produzirá a peça.

Este novo projeto de Luís Miguel Cintra, que esteve 43 anos à frente do Teatro da Cornucópia até ao seu fecho, em 17 de dezembro último, será apresentado no sábado, no Polo da Junta de Freguesia do Afonsoeiro, no Montijo, cidade onde será representada uma parte da peça durante este ano e para a qual já está confirmada a representação de toda a obra em 2018, acrescentou Levi Martins.

"O espetáculo 'Um D. João português' é elaborado a partir da tradução portuguesa divulgada no teatro de cordel setecentista de 'D. João', obra-prima de Moliére, e será construído ao longo de 2017, em quatro cidades, tendo como objetivo partilhar o processo de trabalho com grupos de espetadores locais", disse Levi Martins à Lusa, acrescentando que, no sábado, será lido o primeiro bloco de trabalho, intitulado "Na estrada (da vida)".

No sábado será também anunciada a data de estreia da peça, que decorrerá no Montijo, frisou.

O trabalho vai ser preparado em quatro cidades -- certas estão já as cidades do Montijo, Viseu e Guimarães, encontrando-se o teatro em negociações com Setúbal -, pelo que em cada uma haverá uma residência artística de duas semanas, na qual Luís Miguel Cintra trabalhará com os atores e com populares que integrarão o elenco a nível local.

"A ideia é fazer um trabalho muito partilhado com o espetador, em que este o discute e o partilha", disse Levi Martins, reportando-se a uma nota de Luís Miguel Cintra sobre o espetáculo.

Nesta reflexão, o encenador escreve que "a ideia é, mais do que apresentar um produto cultural pronto a ser consumido, contactar verdadeiramente com a comunidade local em várias cidades, em diálogo e com a colaboração de estruturas ou entidades existentes, sejam grupos de teatro locais, escolas, associações culturais, teatros municipais, centros culturais, autarquias, ou até grupos desportivos".

"Este projeto consiste, então, da forma mais leve do ponto de vista administrativo possível, numa partilha de sessões de trabalho das diferentes fases de preparação de um espetáculo com os espetadores interessados", lê-se na nota de trabalho de Luís Miguel Cintra, na qual sublinha que as "formas de diálogo deverão estar adequadas aos hábitos e às necessidades do público envolvido em cada um dos locais visitados".

O encenador propõe-se, assim, a "construir um espetáculo a partir de uma obra-prima da história do teatro universal - o 'D. João'", de Molière, na sua tradução portuguesa do século XVIII.

O "D. João" constrói-se como um julgamento moral, embora se preste à análise dos mais variados temas, já que o protagonista e o seu criado Esganarelo vão atravessando diferentes locais, fugindo da má fama do libertino.

Para Luís Miguel Cintra, a história torna-se "pertinente" porque "volta a pôr em questão a responsabilidade ética dos comportamentos sociais e a moral".

A primeira parte da peça será representada no Montijo, o terceiro bloco será apresentado em Viseu, no Teatro Viriato, e o quarto deverá ser apresentado em Guimarães.

A peça "Um D. João Português" parte de uma tradução portuguesa anónima da peça de Molière, que se vendeu nas ruas como literatura de cordel.

Na versão trabalhada por Luís Miguel Cintra, D. João e Esganarelo surgem como marginais da sociedade, sempre em fuga, quase como num 'road movie'.

"Tudo neste espetáculo a que chamei 'Um D. João Português' é imperfeito, ou melhor, inacabado, bastardo, hesitante, incerto", escreve Luís Miguel Cintra, na reflexão sobre a obra.

CP // MAG

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