Polícia bielorrussa detém mais de 400 manifestantes em protesto proibido pelas autoridades
Porto Canal com Lusa
Minsk, 25 mar (Lusa) - Uma organização de direitos humanos denunciou que a polícia bielorrussa deteve hoje mais de 400 pessoas e espancou outras tantas que participavam num protesto antigovernamental em Minsk que não tinha sido autorizado pelas autoridades.
O protesto convocado pela oposição tinha como objetivo desafiar o governo desta ex-república soviética, liderado pelo Presidente Alexander Lukashenko, no poder desde 1994.
Cerca de 700 pessoas tentaram desfilar hoje na principal avenida da capital da Bielorrússia, mas foram travadas por um cordão policial composto por elementos da força antimotim.
Depois de um impasse, as detenções começaram.
"Bateram nos participantes, arrastaram mulheres pelo cabelo para os autocarros. Eu consegui correr para um pátio que ficava nas imediações", relatou o manifestante Alexander Ponomarev, citado pela agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP).
Em declarações à AP, Tatiana Revyako, da organização de defesa de direitos humanos Vesna, disse que mais de 400 pessoas foram detidas, acrescentando que "muitos dos detidos foram espancados e precisam de ajuda médica".
A polícia bielorrussa rejeitou comentar estas informações.
Entre os detidos encontram-se cerca de 20 jornalistas, segundo a associação de jornalistas bielorrussa.
Nos dias anteriores a esta manifestação, mais de 100 apoiantes da oposição foram condenados a penas de prisão entre três e 15 dias, de acordo com a organização não-governamental (ONG) Viasna, além de Vladimir Nekliayev, um dos principais membros da oposição naquela ex-república soviética, que alegadamente foi retirado de um comboio pela polícia durante a noite quando tentava viajar para Minsk.
O regime da Bielorrússia tem sido alvo de uma série de protestos ao longo dos últimos dois meses contra o presidente Alexander Lukashenko.
Depois de terem tolerado os protestos iniciais, as autoridades mudaram de comportamento e passaram a reprimir as manifestações, com o presidente Lukashenko a dizer, nesta semana, que uma "quinta coluna" de agitadores apoiados pelo estrangeiro estava a tentar depô-lo.
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