Sanções contra a Coreia do Norte com graves efeitos na ajuda humanitária

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Porto Canal com Lusa

Tóquio, 24 mar (Lusa) -- As sanções internacionais impostas à Coreia do Norte estão a afetar gravemente as atividades de ajuda humanitária, indica um relatório coordenado pelas Nações Unidas, apresentado na quinta-feira.

O relatório, intitulado "Necessidades e Prioridades", elaborado por um grupo de agências da ONU e organizações não-governamentais internacionais, sustenta que as sanções estão inadvertidamente a dificultar as operações legítimas no terreno e têm contribuído indiretamente para um "declínio radical" dos donativos, de que muito carecem milhões de mulheres e crianças norte-coreanas.

O documento aponta que a crónica insegurança alimentar e desnutrição infantil continuam a aumentar na Coreia do Norte, que figura na 98.ª posição do 'ranking' de 118 países do Índice Global da Fome de 2016.

Mais de dez milhões de pessoas -- ou 41% da população norte-coreana -- encontra-se subnutrida, de acordo com o relatório.

Para "atender às necessidades urgentes dos mais vulneráveis", Tapan Mishra, um responsável da ONU na Coreia do Norte, pediu doações na ordem dos 114 milhões de dólares (cerca de 105 milhões de euros).

Críticos têm argumentado que a ajuda à Coreia do Norte serve para alimentar as ambições nucleares do regime de Pyongyang, financiar o enorme exército e enriquecer as elites, em vez de ser canalizada para as franjas mais carentes da população.

E, no relatório, reconhece-se que essas preocupações têm crescentemente dificultado as doações.

"A República Popular Democrática da Coreia [nome oficial da Coreia do Norte] vive uma crise humana prolongada e amplamente esquecida ou ignorada pelo resto do mundo", escreve Tapan Mishra na introdução.

"Apelo aos doadores para não deixarem que considerações políticas se metam no caminho da oferta de ajuda contínua para assistência humanitária", frisa.

No relatório descreve-se que as sanções tornaram mais difícil realizar esse tipo de atividades. "Apesar de isentarem claramente as atividades relativas à ajuda humanitária, as sanções internacionais impostas à Coreia do Norte têm causado interrupções nas operações".

Em particular, refere a "interrupção regular" dos canais bancários desde 2013, que tornou impossível a transferência de fundos para o país.

O documento cita ainda a existência de requerimentos adicionais para atribuição de licenças e o tempo que demora a determinar o que potencialmente cai na esfera das sanções como causas de significativos atrasos que forçaram as agências a redefinir prioridades nas atividades de ajuda humanitária.

Das sanções deriva ainda um efeito psicológico que provoca relutância entre os doadores na hora de facultarem fundos para projetos na Coreia do Norte, acrescenta.

"Isto reflete-se no declínio radical do financiamento do doadores desde 2012", e "como resultado as agências têm sido forçadas a reduzir significativamente a assistência que facultam", pelo que "as necessidades críticas de alguns dos mais vulneráveis não foram atendidas", refere o relatório.

Tal como em anos anteriores, as prioridades da ajuda humanitária para 2017 passam por melhorar a nutrição na Coreia do Norte, especialmente das mulheres grávidas ou a amamentar e das crianças com menos de cinco anos, garantir o acesso a cuidados básicos de saúde pelos mais vulneráveis e impulsionar a assistência às vítimas de desastres naturais, enquanto se reforçam esforços para dirimir o impacto do recorrente ciclo de seca e inundações no país.

O relatório foi elaborado por cinco agências da ONU, sete organizações não-governamentais internacionais e pela Agência suíça para o Desenvolvimento e Cooperação.

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