Polícia investiga a conduta de pessoas, não a qualidade das carnes do Brasil

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Porto Canal com Lusa

São Paulo, Brasil, 23 mar (Lusa) - O Ministro da Agricultura do Brasil, Blairo Maggi, disse hoje que a Operação Carne Fraca, que denunciou a venda de carne ilegal no país, tinha o objetivo de investigar funcionários públicos e não o de colocar em dúvida a qualidade da carne brasileira.

Numa teleconferência com jornalistas estrangeiros, o ministro defendeu a qualidade dos produtos exportados pelo Brasil frisando que "em nenhum momento esteve sob investigação a qualidade dos produtos, mas a conduta de agentes públicos" envolvidos num esquema de corrupção denunciado na última sexta-feira pela polícia brasileira.

"A investigação não trata de questões sanitárias, mas da conduta de pessoas (...) Todas as pessoas envolvidas nas denúncias foram afastadas. Nenhuma se encontra a trabalhar nas unidades do Ministério da Agricultura", disse o ministro.

O representante do Governo brasileiro também criticou a forma como as denúncias foram divulgadas pelos agentes da polícia brasileira envolvidos na Operação Carne Fraca.

"A narrativa, a forma como foi colocada ao público esta investigação acabou mostrando que estavam fazendo uma investigação da qualidade dos produtos do Brasil, o que não é verdade. A investigação é sobre pessoas envolvidas no nosso processo (...) A forma como a investigação foi colocada não foi correta", frisou Blairo Maggi.

O Brasil, considerado um dos maiores exportadores de carne do mundo, tenta reverter uma crise de confiança mundial sobre as carnes consumidas e exportados pelo país desde a semana passada, quando a polícia federal denunciou a venda de produtos ilegais feita por 21 fábricas do setor de carne, entre elas unidades de grandes companhias exportadoras como a BRF e a JBS.

Após as investigações terem sido tornadas públicas, a União Europeia e países e territórios como China, Egito, Chile, Hong Kong, Japão e Arábia Saudita suspenderam as exportações ou anunciaram restrições de entrada das carnes brasileiras.

Questionado sobre a denúncia de que uma empresa exportadora do Brasil teria enviado produtos contaminados com a bactéria salmonela para a Itália, o ministro brasileiro disse que a salmonela é controlada no país.

"Na questão da Itália soubemos que foram embarcados alguns contentores [de frango], mas como a legislação de Itália tem níveis de controlo diferentes a empresa fez um desvio para outro mercado mais tolerável, mas todos [os produtos] são seguros".

O ministro disse que um produto que supostamente tenha salmonela ao ser manuseado na sua preparação, de fritura ou cozedura, deixa de oferecer risco.

"A 70 graus de cozedura qualquer tipo de salmonela desaparece e o consumo [do produto] não tem qualquer tipo de implicação para a saúde humana", disse.

Segundo dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, o Brasil exportou em 2016 mais de um milhão de toneladas de carne bovina. Os principais destinos foram Hong Kong, Egito, China e Rússia.

Também foram exportados cerca de 3,9 milhões de toneladas de carne de frango sem ser processada, cujos principais compradores foram Arábia Saudita, China, Japão, Emirados Árabes Unidos e Hong Kong.

No mesmo ano, foram abatidas 42,3 milhões de cabeças de suínos para o mercado interno e externo.

O Brasil vende produtos de origem animal para mais de 150 países, respondendo por 20% do mercado internacional de carne (bovinos, aves e suínos).

O setor de carne do país movimenta cerca de 14 mil milhões e dólares (12,9 mil milhões de euros) por ano em exportações.

Segundo o Governo brasileiro, em 2016 foram expedidas 852 mil partidas de produtos de origem animal para o exterior e apenas 184 (0,02%) foram considerados fora da conformidade pelos compradores por questões relacionadas à rotulagem e aos certificados, não por problemas sanitários.

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