Análise do BCE à banca deve ser "transparente e severa" para ser credível - OCDE
Porto Canal / Agências
Bruxelas, 26 nov (Lusa) -- O secretário-geral da OCDE, Angel Gúrria, advertiu hoje que os grandes bancos europeus precisam de mais capital e defendeu que a próxima análise aos ativos da banca deve ser "transparente e severa" para ser credível.
"Aqui na Europa, ainda precisamos da recapitalização de boa parte dos maiores grandes bancos do sistema", afirmou o responsável da Organização para a Cooperação de Desenvolvimento Económico (OCDE) durante uma intervenção na comissão de Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu.
"Espero que o Banco Central Europeu (BCE) resolva o problema", sublinhou Gurría.
Gúrria também defendeu que as avaliações que o BCE vai fazer nos próximos meses aos bancos da zona euro antes de assumir o papel de supervisor devem ser "realmente transparentes, severas e sérias" para que sejam credíveis.
O secretário-geral da OCDE defendeu ainda a necessidade de separar as atividades financeiras comerciais das de investimento.
Gúrria afirmou que a concessão de crédito vai ser retomada quando a banca for recapitalizada e quando se terminar o processo da união bancária da zona euro.
Assim, Gúrria apelou para uma clarificação rápida das questões pendentes, designadamente a forma do sistema de resolução e liquidação bancárias, a tomada de decisões dentro deste e a origem dos fundos necessários para se recapitalizar os bancos que o necessitem.
"Neste momento é difícil obter capital. Quem vai capitalizar os bancos? Os governos? Ou um mecanismo central?", questionou Gúrria numa alusão às negociações entre os 28 da União Europeia para a criação de um fundo e de mecanismo único de resolução para os bancos em dificuldades da zona euro.
"Estas definições têm que ser feitas o mais rapidamente possível para se normalizar o crédito", afirmou Gúrria, adiantando que "é importante que se termine com as questões institucionais para que os bancos saibam qual é o caminho e se possam dedicar ao seu".
Gúrria também considerou que existe pouca margem para continuar com as políticas de expansão fiscal na zona euro e sublinhou que o BCE "funcionou bem quando faltou liquidez no sistema bancário, mas que hoje não tem autoridade para dirigir o crédito".
Na opinião de Gúrria, esta tarefa está nas mãos das autoridades nacionais. Para que o crédito volte a fluir devem ser criadas "condições objetivas" nos países, sublinhou.
O secretário-geral instou ainda os países europeus a adotarem medidas estruturais em setores como o da educação, inovação, saúde e na reforma do sistema fiscal.
O responsável da OCDE também alertou para a necessidade de reduzir os impostos sobre o trabalho para criar mais emprego e compensá-la com impostos sobre o consumo e a propriedade.
MC // MSF
Lusa/Fim