Antiquários de Londres vão avaliar análises aos quadros "A Rua Nova dos Mercadores"

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 17 mar (Lusa) - A Society of Antiquaries of London, proprietária dos quadros "A Rua Nova dos Mercadores", revelou hoje à Lusa que está disponível para autorizar análises, mas vai avaliar que impacto os métodos usados na investigação possam ter nas obras.

Contactada pela agência Lusa, a entidade, com sede em Londres, confirmou a receção do pedido do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) para realizar uma peritagem aos quadros, cuja antiguidade foi questionada por dois historiadores.

"O pedido vai ser formalmente avaliado e responderemos em breve ao museu", indicou Renée LaDue, responsável pelo departamento de comunicação da Society of Antiquaries of London.

De acordo com Renée LaDue, a política da sociedade, nestes casos, é de abertura para que sejam realizadas pesquisas às obras das suas coleções.

"Qualquer pessoa que pretender fazer uma pesquisa ou análises científicas nas nossas coleções pode fazer uma proposta formal, que depois é avaliada por um comité. A autorização depende das análises, da pesquisa e dos métodos que vão ser utilizados, ponderando a segurança dos objetos e do impacto que lhes possam causar", acrescentou.

Três obras que fazem parte da exposição "A Cidade Global", sobre a Lisboa do Renascimento, patente no MNAA desde fevereiro, tiveram a autenticidade questionada em textos publicados no semanário Expresso pelos historiadores Diogo Ramada Curto e João Alves Dias.

O terceiro quadro, é "O Chafariz d´El Rei", propriedade do colecionador José Berardo, que já anunciou que vai autorizar as análises, embora se manifeste totalmente tranquilo quanto à veracidade da pintura.

O quadro "O Chafariz d´El Rei" - que terá sido pintado entre 1570 e 1580 - "já esteve exposto mais do que uma vez nos Estados Unidos e tem pedidos cada seis meses para esse efeito", recordou José Berardo.

"A Rua Nova dos Mercadores", que os investigadores têm situado entre 1590 e 1610, está dividida em dois painéis, e é propriedade da Society of Antiquaries of London.

Em textos publicados no semanário Expresso, os historiadores questionaram a antiguidade dos quadros, sustentados em vários pormenores nas pinturas que dizem ser anacrónicas na época, e apontam para uma datação dos séculos XIX ou XX.

O pedido de autorização aos proprietários para análise às obras foi feito pelo MNAA, em acordo com a Direção-Geral do Património Cultural, organismo que tutela os museus nacionais.

Contactada pela agência Lusa, fonte do MNAA indicou que ainda não recebeu resposta à autorização pedida à Society of Antiquaries of London, proprietária de "A Rua Nova dos Mercadores", obra dividida em dois quadros.

A mesma fonte indicou que a carta com o pedido de autorização foi enviada a 08 de março, mas não foi recebida pela entidade, e na quinta-feira foi enviada uma segunda via, por correio eletrónico, da qual foi confirmada receção, mas não foi dada ainda resposta.

Na véspera da inauguração da mostra - que apresenta Lisboa como uma importante cidade global no período do Renascimento - o diretor do MNAA, António Filipe Pimentel, tinha referido aos jornalistas que a análise às obras ia ser avaliada.

A polémica sobre a datação das obras levou a que o diretor do museu fizesse uma declaração em relação à credibilidade do trabalho das historiadoras Annemarie Jordan Gschwend e Kate Lowe, "The Global City: On the Streets of Renaissance Lisbon", sobre o qual assenta a exposição.

António Filipe Pimentel sublinhou, na altura, que o livro foi "amplamente celebrado pela crítica internacional".

Nele, as autoras fazem uma reconstituição do ambiente da cidade de Lisboa no ciclo dos Descobrimentos, a partir de dois quadros que haviam identificado como uma representação da rua Nova dos Mercadores, a principal artéria comercial de Lisboa no período do Renascimento.

Foi "pelo ineditismo da sua visão e objetiva relevância histórica" que o MNAA entendeu convidar as autoras a adaptarem o livro a uma exposição: "A Cidade Global: Lisboa no Renascimento", que ficará patente até 09 de abril.

A exposição "A Cidade Global", que reúne cerca de 250 obras da época, entre mobiliário, pintura, tapeçaria, livros e manuscritos, entre outros objetos em uso na época, recebeu, até terça-feira, um total de 18.547 visitantes, segundo o museu.

AG // MAG

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