Governo de Cabo Verde nega intenção de substituir Novo Banco por instituição semelhante
Porto Canal com Lusa
Praia, 14 mar (Lusa) - O ministro das Finanças de Cabo Verde, Olavo Correia, negou hoje que seja intenção do Governo criar um novo banco de financiamento ao microcrédito e às pequenas e médias empresas na sequência da resolução do Novo Banco.
"Não há necessidade porque o mercado financeiro do microcrédito é muito pequeno e não tem escala para termos um banco com a dimensão do Novo Banco, que tem custos elevadíssimos e não funciona", disse Olavo Correia.
O banco central cabo-verdiano (BCV) anunciou na quarta-feira a resolução e venda à Caixa Económica de Cabo Verde de parte da atividade do Novo Banco, uma instituição de capitais quase exclusivamente públicos, com cerca de 13.200 depositantes, 60 trabalhadores e vocacionado para a economia social e o microcrédito.
A resolução do Novo Banco é um primeiro passo para a sua extinção administrativa, que representará um prejuízo estimado em cerca de 16,3 milhões de euros para os cofres do Estado e deixará cerca de 60 trabalhadores no desemprego.
O ministro das Finanças, que falava hoje aos jornalistas na cidade da Praia, respondia desta forma ao maior Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, o principal da oposição), que, na segunda-feira, acusou o executivo de ter liquidado deliberadamente o Novo Banco para criar uma instituição semelhante dedicada ao financiamento das pequenas empresas.
"Estamos a trabalhar numa linha de crédito para apoiar as micro e pequenas empresas e isso não passa pela criação de uma instituição com a natureza do Novo Banco", sublinhou Olavo Correia.
O ministro das Finanças reforçou a necessidade de apurar responsabilidades relativamente à resolução do Novo Banco, considerando que foi feito "tudo de errado" neste processo.
"Esta instituição não tinha como dar certo. A melhor solução para proteger os contribuintes, os depositantes e o sistema financeiro foi a resolução", reafirmou, adiantando que dará todas as informações no parlamento.
Na sequência do anúncio da resolução, o partido da maioria (MpD) chamou, com caráter de urgência, ao parlamento todos os intervenientes no processo, atuais e passados, devendo as audições começar na próxima semana.
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