Lisboa, 14 mar (Lusa) - A 'startup' portuguesa Feedzai, conhecida por operar na deteção de fraudes nos pagamentos com cartões de crédito, superou os 130 milhões de dólares (cerca de 122 milhões de euros) em contratos em 2016, duplicando assim o seu crescimento.

Em 2016, a 'startup' (nova empresa com rápido potencial de crescimento), que se apresenta como líder na área de inteligência artificial, ultrapassou também a barreira dos 35 milhões de dólares (cerca de 33 milhões de euros) em vendas e para 2017 tem já vários objetivos: a contratação de 200 pessoas, a duplicação das vendas e a abertura em novas geografias.

O forte crescimento da Feedzai em 2016 levou a empresa a recrutar especialistas na área de engenharia e 'data science' (ciência de dados), atingindo no final do ano passado os 150 colaboradores, mais 70 do que no ano anterior, mas em 2017 o número de contratações voltará a subir, sendo o recrutamento de talentos um dos grandes desafios.

"Temos como objetivo contratar cerca de 200 pessoas. Cerca de 115 em Portugal, distribuídos entre engenharia, 'data science' e suporte ao cliente. As restantes posições serão de vendas e suporte local aos clientes que temos nas várias geografias", disse o presidente executivo e cofundador da Feedzai, Nuno Sebastião, em declarações à Lusa.

E só para a formação dos seus colaboradores, a Feedzai pretende ainda alocar cerca de 700 mil dólares (cerca de 656 mil euros) ao longo deste ano.

Depois de um crescimento que "solidifica a grande aceitação mundial desta tecnologia 'made in' Portugal", Nuno Sebastião acrescenta que a meta para 2017 "é duplicar os resultados", através da captação de novos clientes.

"A estratégia da Feedzai é trabalhar diretamente com os 'top' 10 clientes de cada geografia onde estamos e servir os restantes potenciais clientes através de parceiros. No seguimento desta estratégia, temos cerca de 30 clientes diretos e servimos acima de 200 clientes através dos nossos parceiros", afirmou Nuno Sebastião.

Representando o mercado internacional 99% do seu volume de negócios, a Feedzai quer abrir escritórios na zona da Ásia Pacífico, assim como na Europa, na Alemanha.

"Temos neste momento vários clientes de dimensão bastante relevante em países como Índia, China ou Austrália, o que nos leva a acreditar no potencial destas geografias", disse Nuno Sebastião.

O empresário deu como exemplo o crescimento do JIO Wallet, um dos clientes que tem na Índia e que um mês depois de ter sido lançado comercialmente, em setembro de 2016, tinha 16 milhões de clientes, atingindo em 83 dias os 50 milhões de clientes e ultrapassado os 100 milhões de clientes em fevereiro de 2017.

Há que lembrar que a Feedzai levantou em outubro passado uma ronda de financiamento, cujo valor não foi divulgado, por parte da norte-americana Citi Ventures, com o objetivo de suportar a expansão para novas geografias.

Sediada em Coimbra, a empresa tem escritórios ainda em Lisboa, Porto, San Mateo, Nova Iorque e Londres.

Sendo uma empresa com uma tecnologia que permite combater a fraude em tempo real e tornar o comércio seguro, a Lusa questionou Nuno Sebastião sobre a tendência de evolução da fraude ou da prevenção da fraude em transações eletrónicas.

"O que temos visto é uma evolução de fraude simples, como o roubo e clonagem de um cartão de crédito, para fraude complexa e orquestrada, como por exemplo pedidos de cartões de crédito baseados em identidades falsas, utilização normal do cartão para aumentar 'plafonds' dos mesmos, muitas vezes durante meses, e depois verificação que centenas de cartões baseados em identidades falsas cometem fraude exatamente ao mesmo tempo", contou.

A Feedzai colabora com algumas das maiores empresas do mundo de várias indústrias como a banca, telecomunicações, comércio e retalho.

JMG // CSJ

Lusa/fim