Saída de Vítor Gaspar. Portas "irrevogável". Ecos negativos nos mercados financeiros. Marcelo enumera motivos para segurar Centeno

Saída de Vítor Gaspar. Portas "irrevogável". Ecos negativos nos mercados financeiros. Marcelo enumera motivos para segurar Centeno
| Política
Porto Canal com Lusa

O Presidente da República esclareceu hoje ter querido evitar crise política similar à de 2013, após demissão do então Ministro das Finanças, referindo-se à polémica entre Mário Centeno e a anterior administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

Numa visita às instalações da aniversariante TVI, em Queluz de Baixo, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que terá o mesmo comportamento de apoio ao executivo, qualquer que ele seja, embora reconhecendo ter ficado surpreendido pela resiliência dos atuais acordos bilaterais entre PS e BE, PCP e "Os Verdes".

"Para o Presidente, [o assunto] está fechado. Tomou uma decisão, a pensar no interesse nacional. Daqui a um mês, temos a saída dos números do Eurostat (gabinete estatístico da União Europeia) do ano anterior, logo a seguir, uma decisão importante da Comissão Europeia sobre a saída ou não do Processo por Défice Excessivo, que vai ao Conselho [Europeu], entretanto a operação importante de recapitalização da CGD (...) um conjunto de decisões fundamentais para a estabilidade financeira no futuro próximo", justificou.

Rebelo de Sousa respondia a avaliações do seu primeiro ano de mandato por parte de comentadores como Manuela Ferreira Leite, ex-presidente do PSD, Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, o advogado José Miguel Júdice e a jornalista Constança Cunha e Sá.

"Em 2013, num contexto menos agitado, o Ministro das Finanças [Vítor Gaspar] pediu a demissão. Isso provocou a demissão do líder do segundo partido do Governo [Paulo Portas]. Uma tentativa do Presidente, Cavaco Silva, de tentar chegar a acordo com o líder da oposição [António José Seguro], que se frustrou. Um longo período de crise na recomposição do Governo e o eco nos mercados financeiros", descreveu.

Mais tarde, novamente confrontado com o assunto, Rebelo de Sousa voltou a referir "razões ponderosas de interesse nacional para ter aceite a posição do Primeiro-Ministro [António Costa] em termos de exercício de funções do Ministro das Finanças [Mário Centeno]", mas admitiu que "ficou claro que não foi assim, assim e assim", como o Presidente da República tinha dito que devia ser, apesar de a sua posição ter ficado "clara".

"Apoio este Governo como apoiarei qualquer Governo durante o meu mandato, [aquele] que os portugueses venham a eleger nas próximas legislativas. É um dever constitucional do Presidente da República criar todas as condições para o Governo poder realizar as suas metas", garantiu, confrontado com alegada proximidade do executivo socialista.

Para o Chefe de Estado, as únicas condições que impõe são as prioridades que o próprio apresentou na campanha eleitoral: "estabilidade política", "consolidação do sistema financeiro", "compromissos internacionais", nomeadamente o défice público, e a "concertação social".

"Hoje, o Governo é presidido por António Costa. Amanhã é presidido por ele ou Passos Coelho, qualquer primeiro-ministro, é meu dever fazer o mesmo que faço agora", vincou.

Ainda na inauguração do novo estúdio e grafismo da TVI, por ocasião do 24.º aniversário da estação televisiva de Queluz de Baixo, Rebelo de Sousa afirmou que, quando iniciou o mandato, nos primeiros meses, "a dúvida era 'dissolve, não dissolve o parlamento, se passa ou não o Orçamento do Estado", relativamente à nova solução política, a denominada "geringonça".

"Fiquei surpreendido. Quando entrei, não pensei que conseguisse cumprir os compromissos internacionais, que cumprisse a trajetória do défice e, também, francamente lhe digo, que não pensei que fosse tão resistente como se mostrou ao longo deste ano", declarou.

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