O encerramento é o destino mais provável da empresa têxtil Meatex, em Lousado, Famalicão, com 120 trabalhadores, porque estes "não podem aceitar" as condições previstas no plano de recuperação, informou hoje um advogado ligado ao processo.

Franclim Ferreira disse à Lusa que aquele plano, apresentado em fevereiro, aponta para que os trabalhadores recebam apenas 10 por cento dos seus créditos, em 60 prestações mensais, que começariam a ser pagas apenas daqui a dois anos.

"Mais do que inadmissível, isto é incomportável para quem, como é o caso, tem vários meses de salários em atraso", sublinhou.

Segundo Franclim Ferreira, que representar mais de 60 trabalhadores, os trabalhadores ainda não receberam férias, subsídio de férias e subsídio de natal de 2012, nem os salários de março, abril e maio deste ano.

Em julho de 2012, a empresa apresentou-se à insolvência e em outubro houve um despedimento coletivo de 60 trabalhadores.

Entretanto, vários outros trabalhadores, face ao acumular de salários em atraso, pediram a suspensão do contrato de trabalho, para poderem receber o subsídio de desemprego.

No final de abril, a empresa terá "imposto" 15 dias de férias mas, até à data, não voltou a abrir.

"Agora, somos confrontados com a proposta do administrador da insolvência de liquidação da empresa, com o argumento de que ela não pode continuar a laborar face à suspensão dos contratos", disse ainda Franclim Ferreira.

O advogado garantiu que mais de 90 por cento dos trabalhadores quer continuar na empresa, "mas desde que não lhes exijam a desumanidade de prescindirem de 90 por cento dos seus créditos".

Se a empresa fechar, os trabalhadores podem recorrer ao Fundo de Garantia Salarial, que garante a cada um 8.700 euros.

"É muito menos do que têm a receber, mas mais vale um pássaro na mão do que dois a voar", referiu.

A empresa terá, neste momento, um passivo de 3,5 milhões de euros, sendo só a Segurança Social credora de 1 milhão.

A Lusa tentou falar com a administração da Meatex, mas até ao momento sem sucesso.