Primeiro museu público de arte português sofre com poluição do túnel de Ceuta

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Porto Canal / Agências

Porto, 14 nov (Lusa) -- O Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR), no Porto, fundado há 180 anos por D. Pedro no auge das guerras liberais, sofre hoje com as consequências da poluição provocada pelo túnel de Ceuta que desemboca mesmo à frente do museu.

A diretora do MNSR, Maria João Vasconcelos, afirma que quem chega ao Palácio das Carrancas, onde funciona o museu, "percebe facilmente o perigo que é principalmente para grupos de crianças, que são cerca de um quinto dos visitantes, não ter uma barreira e haver um túnel a 20 metros".

O túnel, que começa na rua de Ceuta, tem uma das suas saídas na rua D. Manuel II, mesmo frente ao museu, e as pequenas estruturas de metal que serviam de barreira estão parcialmente destruídas. A diretora lembra que ainda há bem pouco tempo prestou depoimento como testemunha no caso de atropelamento de uma voluntária do museu.

A construção desta solução rodoviária foi motivo de polémica nos primeiros anos de gestão de Rui Rio na Câmara, que herdou do anterior executivo um túnel inacabado. A solução encontrada foi motivo de embargo pelo ministra da Cultura, da altura, Isabel Pires de Lima, numa acesa disputa que se concluiu em 2006 com a abertura do túnel.

"Para além das questões concretas de segurança física, há a segurança das nossas coleções, porque os carros ao subirem o túnel provocam uma poluição brutal no museu, o que exige um cuidado renovado", afirma Maria João Vasconcelos. A diretora diz que "as manchas negras nas vitrinas são impressionantes".

A diretora tem a esperança de que a localização da saída do túnel venha a ser revista", mas afirma que de momento essa "não é uma prioridade". "Não vamos estar a insistir em coisas que não se vão resolver rapidamente, temos tanto em que pensar", acrescentou.

Este foi o último episódio nos 180 anos de história de um museu que, em 2001, tinha beneficiado de importantes obras, sob a direção de Fernando Távora, que permitiram ampliar instalações e melhorar todo o espaço que inclui um anfiteatro, cafetaria, o espaço do antigo velódromo real.

O Museu Soares dos Reis foi fundado durante o cerco do Porto por D. Pedro, que percebeu que "extintas as ordens religiosas todo o seu património ficaria à mercê do saque se não fosse recolhido e teve essa visão de criar um estabelecimento que foi o museu servindo para recolher também o espólio confiscado aos miguelistas, que foi depois devolvido".

Com a designação de Museu Portuense de Pinturas e Estampas, instalou-se no Convento de Santo António, onde hoje funciona a Biblioteca Municipal do Porto. O seu acervo inicial incluía peças dos mosteiros da cidade mas também de Tibães e de Santa Cruz de Coimbra.

Em 1839,transitou para alçada da Academia Portuense de Belas-Artes, criando uma relação forte entre o museu e o ensino artístico no século XIX que resulta numa importante coleção de pintura e escultura do Porto oitocentista.

O espólio do museu foi sendo enriquecido com coleções como a do extinto Museu Municipal ou do Novo Museu Portuense que albergava a coleção do comerciante de origem inglesa João Allen.

"Esta coleção foi comprada num movimento em que cidade se juntou como mais recentemente fez com o Coliseu, é uma coisa que tem um certo paralelo, porque era uma coleção particular que não se podia perder e a cidade uniu-se", lembra Maria João Vasconcelos.

O nome do escultor Soares dos Reis foi-lhe atribuído em 1911, adquirindo em 1932 o estatuto de Museu Nacional e em 1940 fixou-se nas atuais instalações no antigo palácio real das Carrancas.

DP // MSP

Lusa/fim.

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