O presidente da Câmara da Trofa, Sérgio Humberto, estimou hoje que a dívida atual desta autarquia ronde os 66 milhões de euros, garantindo que vai ser feito um "estudo minucioso" para a "população saber quem são os responsáveis".

Sérgio Humberto entregou hoje cheques num valor total de cerca de 10 milhões de euros a mais de 250 entidades e fornecedores. À margem da cerimónia pública de pagamento de dívidas, em declarações aos jornalistas, o autarca disse querer apresentar "o mais breve possível" um estudo "minucioso" sobre a dívida atual.

"Estou ansioso por isso. Estimamos que a dívida da Câmara Municipal ronde os 65 milhões de euros. Nos últimos quatro anos a Câmara foi tendo um endividamento de dois milhões e meio de euros que ia acumulando sem obra", disse o presidente da autarquia trofense.

O autarca da Trofa chamou a esta dívida "de gaveta" e prometeu dar a conhecer os responsáveis. "Nós já constatamos que existe um gavetão nos últimos quatro anos. Nós não queremos que volte a acontecer. Esse estudo vai ser feito e quem cometeu esses erros, a população vai saber", disse Sérgio Humberto.

A cerimónia desta tarde serviu para entregar a entidades e fornecedores a primeira tranche, 60%, da verba total do Programa de Apoio à Economia Local (PAEL). Dezassete milhões de euros é a verba total deste programa, mas na semana passada a autarquia da Trofa já tinha entregado cheques no valor total de 14 milhões de euros ao abrigo do Plano de Reequilíbrio Financeiro. Ou seja, no total, Sérgio Humberto diz estar a liquidar dívidas "no valor de 24 milhões de euros".

"Temos de honrar os nossos compromissos. Os pagamentos que fizemos há uma semana foram essencialmente dívidas feitas nos últimos quatro anos. Temos de ser sérios na política. Temos de ser corretos. Hoje estes quase 10 milhões de euros [primeira tranche de um valor total de 17 milhões de euros] foram dívidas feitas quase todas anteriormente a 2009", descreveu o autarca.

Segundo Sérgio Humberto, alguns dos cheques entregues tinham valores a rondar os 60 euros. "Não justifica as pessoas ficarem tanto tempo à espera. É preciso haver responsabilidade. Os erros cometidos no passado, este executivo não os vai fazer repetir nem no presente nem no futuro. Tudo aquilo que contratamos tem de estar cabimentado", concluiu.

A cerimónia de hoje serviu também para a autarquia anunciar alguns dos cortes que vai fazer "com coerência", considerando-os "supérfluos". O presidente da Câmara da Trofa vai abdicar de ter motorista em permanência e transferir a empresa Trofa Park, atualmente instalada num edifício privado sob renda mensal, para a sede da junta de freguesia de Santiago de Bougado, poupando, conforme afirmaram, cerca de 24 mil euros.

"Sem estes cortes e estes planos, em 2014 o que iríamos receber seria para pagar divida e para despesa corrente da Câmara Municipal. Mas nós queremos mais. Nós queremos fazer obra", concluiu Sérgio Humberto que, nas autárquicas de setembro, reconquistou a câmara para o PSD à socialista Joana Lima.