Povo de Castro Laboreiro na rua contra transferência dos Correios para pastelaria
Porto Canal / Agências
Melgaço, 03 jun (Lusa) - Mais 200 de pessoas de Castro Laboreiro, em Melgaço, concentraram-se hoje à porta do posto de correios local em protesto contra o fecho daquele espaço, cujo serviço passou a ser assegurado por uma pastelaria da aldeia.
"Você vai lá tomar um café e eu vou entregar uma carta, quem é que atendem primeiro na pastelaria? Quem dá mais lucro? Isto para não falar dos problemas de responsabilidade e de privacidade que um serviço público como este exige", afirmou à Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Castro Laboreiro.
Segundo Adelino Esteves, o posto dos CTT daquela vila, em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês, a 26 quilómetros da sede do concelho de Melgaço, funcionava num espaço arrendado a privados e foi fechado "sem qualquer aviso" ao final do dia da passada quinta-feira.
"Fizeram isto pela calada da noite. Se andaram por aí a falar com pastelarias e outros privados, por que é que não dialogaram com a Junta de Freguesia, que é em quem as pessoas confiam, para tentarmos arranjar alguma solução?", questionou o autarca durante a manifestação de hoje, que juntou à porta da estação dos correios, já fechada, mais de 200 pessoas da terra.
"Somos uma freguesia com muitos idosos, muitos antigos emigrantes que têm de levantar as reformas, e fomos tratados como uns analfabetos. Alguns lugares estão a mais de 40 quilómetros do centro de Melgaço e com isso ninguém se preocupou", criticou o autarca.
Garantiu ainda a disponibilidade daquela Junta em assegurar este serviço, de forma a mantê-lo "dentro da esfera pública", apelando por isso ao "diálogo" da administração dos Correios, algo que, afirma, "não aconteceu até agora".
"Isto não é brincadeira nenhuma, é a vida das pessoas", insurgiu-se.
Com cerca de 500 habitantes, Castro Laboreiro é uma das maiores freguesias do Alto Minho, em termos de território, mas também das mais envelhecidas e isoladas da região, com o núcleo central da aldeia a mais de 800 metros de altitude.
Aquele posto funciona desde 1957 e serve "uma população maioritariamente idosa da parte alta do concelho", não apenas Castro Laboreiro como também das freguesias limítrofes de Lamas de Mouro e Fiães.
A intenção de entrega do serviço a um privado local "já era conhecida" localmente há algumas semanas, explicou fonte da Câmara de Melgaço, o que levou a população a elaborar um abaixo-assinado de protesto, subscrito por mais de 400 pessoas e entretanto remetido à administração dos CTT, reclamando que o serviço de Correios continue a ser prestado por uma entidade pública.
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