Confederação patronal moçambicana diz que empresários estão a abandonar o país
Porto Canal / Agências
Maputo, 08 nov (Lusa) - A CTA, a maior confederação patronal de Moçambique, disse hoje em Maputo que vários empresários abandonaram o país, devido aos sequestros, e alertou para "uma grave crise económica" por causa da tensão militar na região centro.
Dezenas de pessoas, maioritariamente empresários e outras, aparentemente prósperas ou seus familiares, foram sequestradas nos últimos dois anos nas principais cidades moçambicanas, muitas libertadas a troco de avultadas somas dinheiro de resgate.
Paralelamente à onda de raptos, o centro de Moçambique vive uma grave instabilidade militar, devido a confrontos entre o exército moçambicano e homens armados da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição.
A frequência das viagens num dos troços da principal estrada do país, no centro, reduziu-se drasticamente, porque a circulação é feita por escoltas militares, que também não têm escapado a ataques atribuídos à Renamo.
Em comunicado enviado à Lusa, a CTA (Confederação das Associações Económicas de Moçambique), afirma que a vaga de sequestros obrigou vários empresários a fugirem do país e a tensão militar vai provocar uma "grave crise económica".
"Vários colegas do setor empresarial já se viram obrigados a abandonar o país, familiares de trabalhadores dos grandes projetos abandonam o país. Este clima não é saudável à atração de investimentos e, por essa via, à criação do tão almejado emprego no país. Os prejuízos a nível da comunidade empresarial poderão degenerar em grave crise económica", aponta a nota de imprensa.
Recentemente, a mineira anglo-australiana Rio Tinto aconselhou os familiares dos seus funcionários expatriados a saírem temporariamente de Moçambique, devidos à situação de insegurança.
Segundo o comunicado da CTA, a imagem do país no estrangeiro vai deteriorar-se, prejudicando as parcerias entre o empresariado estrangeiro e o nacional, carente de financiamento para a viabilização da sua atividade.
Nesse sentido, a CTA exorta o Governo, os partidos políticos e a sociedade civil para encontraram caminhos para a resolução imediata do "diferendo que está paulatinamente conduzindo o país a um espetro de guerra que os moçambicanos não querem voltar a viver".
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