Juiz ordena detenção de ex-diretor e quatro administradores da CAM
Porto Canal / Agências
Madrid, 06 nov (Lusa) - O juiz da Audiência Nacional espanhol, Javier Gómez Bermúdez, ordenou hoje a detenção de cinco ex-administradores da CAM (Caja Mediterraneo), incluindo o ex-diretor geral Roberto López Abad, no âmbito do processo que investiga irregularidades na caixa de aforro.
Fontes judiciais confirmaram à Lusa que as detenções já se realizaram e que entre os detidos estão o antigo responsável de empresas da entidade Daniel Gil.
Todos serão apresentados quinta-feira ao juiz do Tribunal Central de Instrução 3 da Audiência Nacional.
Segundo a EFE, o auto do juiz inclui ordens de busca a dois gabinetes de advogados em Valência e Alicante e a um escritório mercantil em Maiorca.
Recorde-se que o Fundo de Reestruturação Ordenada Bancária (FROB) tinha interposto uma queixa na Audiência Nacional contra os cinco ex-administradores que acusa de "obterem lucro pessoal" com cinco operações realizadas com uma das participadas da entidade, a sociedade Valfensal.
Segundo a queixa, utilizou-se a compra de três hotéis e a aquisição de duas parcelas na República Dominicana e no México para tapar uma "transferência de fundos não justificada" desde a CAM para Valfensal.
Esta queixa está a ser investigada num processo paralelo ao principal processo de investigação sobre irregularidades na CAM.
Nesse processo principal são arguidos tanto López Abad como a ex-diretora geral María Dores Amorós, o ex-presidente Modesto Crespop e os ex-diretores de recursos e planeamento, Vicente Soriano e Teófilo Sogorb, a quem em junho o juiz impôs uma fiança civil de 35 milhões de euros.
Segundo o juiz, depois de ouvir os arguidos e da análise de toda a documentação, "os cinco arguidos ao menos conheciam, ou deviam, puderam e não quiseram conhecer a situação patrimonial da CAM".
"Apesar disso, no melhor dos supostos, não puseram qualquer objeção a operações que poderiam representar um prejuízo patrimonial e um enfraquecimento extremo da entidade para a qual trabalhavam, com prejuízo de acionistas, credores e clientes e em benefício próprio"", sublinha o juiz.
A CAM foi alvo de intervenção pelo Banco de Espanha a 22 de julho de 2011, tendo-se posteriormente conhecido que tinha acumulado perdas de 1.136 milhões nos seis primeiros meses desse ano.
Meses depois, o BE procedeu à capitalização da entidade com uma injeção de 2.800 milhões de euros, nomeando o FROB como administrador provisório.
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