Congresso Alternativas: PS e BE unidos contra OE2104 mas sem convergência à vista

| Política
Porto Canal / Agências

Lisboa, 31 out (Lusa) - Deputados do PS e do BE, entre outras personalidades, vão estar hoje unidos contra o Orçamento do Estado2014 (OE2014), mas ainda sem a desejada convergência à esquerda, em mais um evento do Congresso Democrático das Alternativas (CDA).

"Pessoalmente, defendo isso há muito tempo e julgo que há espaço para isso. Há muito que nos une e temos perdido muito tempo a vincar aquilo que nos separa. Toda a esquerda é absolutamente crítica da austeridade que está a ser imposta ao país e defensora do nosso Estado Social", reconheceu o deputado socialista Pedro Nuno Santos, em declarações à Lusa.

A iniciativa do CDA, que reuniu, por exemplo, cerca de 1.500 personalidades portuguesas de várias organizações da esquerda em outubro de 2012, na Aula Magna, vai decorrer, desta feita, no auditório do histórico Lyceu Camões, em Lisboa, a partir das 21:00.

"O PS está numa posição dúbia. Apoia uma austeridade, mas esta não. Quer uma 'austeridadezinha'. Essa não é a posição do Bloco [de Esquerda], que a austeridade possa trazer crescimento ou emprego e tem de ser rejeitada enquanto política de futuro. Quem tem de clarificar é o PS relativamente às posições que terá de tomar, inclusivamente em relação a um segundo resgate e sabemos que os apelos da direita são grandes", acusou, por seu turno, a deputada bloquista Mariana Mortágua, também à Lusa.

Os parlamentares do PS e do BE vão participar numa mesa-redonda intitulada "Rejeitar O Orçamento, Afirmar Alternativas", juntamente com os economistas José Maria Castro Caldas e Ricardo Paes Mamede.

"Estamos a falar de um orçamento em que, apesar de aparecerem algumas propostas de alteração na especialidade, aquilo que importa é uma alteração radical da forma como estamos a governar o país. Um orçamento que retira quatro mil milhões de euros ajudará a matar ainda mais a nossa economia", continuou Pedro Nuno Santos.

Contudo, sobre a possibilidade de adoção de propostas conjuntas por parte da esquerda parlamentar, o deputado socialista frisou que "não é com medidas alternativas, mas conseguindo travar a austeridade" que se poderá "encontrar um caminho para o país".

"A austeridade não funciona. Partimos para 2013 com um défice orçamental de 5,8 por cento [do Produto Interno Bruto (PIB)], retirámos à economia mais de cinco mil milhões de euros em medidas de austeridade e acabaremos o ano com os mesmos 5,8/5,9 por cento de défice. Portanto, mandámos para o lixo 5 mil milhões de euros, ficámos mais pobres para nada", condenou o deputado, referindo-se ao executivo da maioria.

Sobre a ausência de pares comunistas no CDA, Mariana Mortágua escusou-se a comentar por não fazer parte da organização do evento, mas sublinhou que "Bloco e o PC têm convergido no Parlamento em vários momentos, em várias políticas".

"Essa sempre foi a perspetiva do Bloco. Sempre que os nossos princípios, que as nossas medidas, convergem com outros grupos políticos não há porque não poder votar em conjunto e lutar pelos mesmos direitos", disse, mostrando-se crente de que o "congresso poderá clarificar questões" - trata-se "ou não de um orçamento equitativo? Um orçamento que pode reduzir o défice? Um orçamento de medidas temporárias?".

Para a parlamentar do BE a resposta é clara: "Sabemos que não, que até agora não tem acontecido" [equidade, redução do défice e o caráter temporário das medidas de austeridade].

HPG // SMA

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