Redação, 01 jun (Lusa) -- A GNR implementa no verão uma rede nacional de 231 postos de vigia para deteção de incêndios que dá emprego a 924 vigilantes, representando um investimento de 3,1 milhões de euros em contratações, disse à Lusa fonte do comando geral.

Esta rede é o sistema oficial mais importante na deteção de fogos. A rápida e eficaz deteção dos focos de incêndio pode evitar grandes ocorrências.

A rede dá emprego a 924 pessoas, distribuídas por 231 postos durante a fase Charlie (01 de julho a 30 de setembro), e, para muitas delas, este é o único trabalho que têm durante o ano.

A fonte do Comando Geral da GNR disse à agência Lusa que a rede foi ativada a 15 de maio (fase Bravo) com 70 postos em funcionamento durante o período diurno e 140 vigilantes. No verão, funcionam em permanência.

Vila Real é o distrito do país com maior número destas estruturas, cinco agora e 26 na fase mais crítica de ocorrência de fogos.

No alto do Minhéu, em Vila Pouca de Aguiar, Ademar Carvalho e Raul Carvalho alternam o trabalho no posto de vigia. À Lusa afirmaram que este é o único emprego que têm durante o ano.

"É o único dinheiro que tenho. Depois, durante os outros meses do ano, dedico-me a alguma agricultura, mas é só para gastar lá em casa", referiu Ademar Carvalho.

Raul Carvalho foi emigrante mas, depois de ter regressado há sete anos, não conseguiu arranjar trabalho. "Isto é uma grande ajuda, este ano são quatro meses e meio e, para mim é um alívio, é muito bom", frisou.

São os dois oriundos da aldeia de Trandeiras e sobem ao alto da serra para passarem o dia a olhar a paisagem.

Precisam apenas de uns binóculos para observarem os montes e vales, uma mesa de ângulo com um monóculo para localizarem o foco de incêndio e um rádio para transmitirem a informação ao Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Vila Real.

"Temos que ter uma atenção redobrada durante as oito horas que aqui estamos. Temos que estar com atenção sempre porque nunca se sabe onde está o perigo, que neste caso é o fogo", referiu Raul Carvalho.

Lá ao fundo, numa encosta, avista-se uma pequena coluna de fumo. "Já está avisado, são os madeireiros que estão a queimar", salientou.

O capitão Eduardo Lima, chefe do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR de Vila Real, explicou que, além de detetarem os focos de incêndio, os vigilantes conseguem também localizá-los para que as forças de combate possam sair para o sítio exato.

Mas, além disso, podem ainda dar outras informações, como as progressões do fogo, as direções e tamanhos das frentes, dados que, muitas vezes, quem está no terreno não consegue ver.

Segundo dados do Comando Geral da GNR, em 2012, os postos de vigia foram responsáveis por 1.576 primeiros alertas a nível nacional, o que representa 6% das primeiras comunicações registadas sobre as ocorrências.

O capitão Eduardo Lima referiu que, devido ao maior número de postos que há em Vila Real, essa percentagem aumenta para "40 a 50%" no distrito transmontano.

"Sendo que toda a estrutura de combate assenta numa rápida primeira deteção, segura e com uma localização exata, acho que é fundamental que esta rede exista", concluiu.

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